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O Dia da Hospitalidade e os tempos atuais

Dia 29 de janeiro é o dia da hospitalidade. A comemoração começou a partir da liturgia da Igreja Católica, que reservava uma data para leituras de reflexão com foco na solidariedade e o acolhimento.

Neste momento me vem à lembrança uma crônica da Martha Medeiros que começa seu texto com o seguinte título: Em qual lugar você gostaria de estar agora, neste momento? Quando se lança esta pergunta, a maioria imagina uma praia, um cenário de filme, um lugar dos sonhos ou estar em casa com a família, filhos curtindo o aconchego e a proximidade com as pessoas que são importantes e queridas nas nossas vidas. Eis que logo no começo da leitura, ainda no primeiro parágrafo, ela joga no ar que o melhor lugar do mundo onde todos nós gostaríamos de estar, é dentro de um abraço!!!

Veja quanto aconchego existe “neste lugar” e quão simples ele pode parecer. Mas será que nos dias atuais o nosso abraço está sempre disponível? Ele nos espera, na sua candura e afeto, no bem querer e na vontade de dividir e somar com o outro, o nosso carinho, a nossa atenção, a nossa vontade de estar junto? Tudo isso junto pode ser traduzido em hospitalidade. Tanto pessoal como empresarial.

Conforme a última pesquisa do IBHE (Instituto Brasileiro de Hospitalidade Empresarial), feita com 400 profissionais do mercado, o que se percebe, felizmente, que quase 100% dos entrevistados acredita que a hospitalidade é uma forma de aproximar pessoas e consolidar relacionamentos. Isso prova a importância de hospitalidade nos dias atuais como um fator de competitividade capaz de fazer a diferença em qualquer situação que envolva pessoas e é algo que merece uma atenção cada vez maior por parte das organizações. Afinal, ela passa a ser a forma como nós sentimos quando nos relacionamos com aquelas pessoas, aquela empresa, mostra a sua maneira de ser, de agir, reagir e de estabelecer relações.

Por mais dependentes que sejamos da tecnologia como peça-chave em operações comerciais e relacionamentos interpessoais (como acontece nas redes sociais como Facebook e afins), sua sustentação se dá na mesma proporção com a vontade de servir, de acolher. Em outras palavras, na vontade de praticar a gentileza, no bem querer, no bem servir, no prazer de praticar a hospitalidade pelo simples fato e a grandeza de ser.

Alegando falta de tempo (o mal do século?), muitas vezes parecemos robôs que respondem a comando pré programados impassíveis a observar o outro e suas necessidades. Será que o tempo de olhar, de dar atenção, de ouvir, de se emocionar, não faz mais parte de um dia qualquer? Do prazer do encontro, da vontade de acolher? Na graça de dedicar alguns minutos de nosso preciso tempo em alguém de pede colo? Que se sente frágil num dia difícil? Que passa por um momento delicado de perdas e desacertos? Nesta hora precisamos retomar a terapia do abraço citada no começo deste texto. Um simples abraço que enche a nossa alma de brilho, de gosto, de um sabor diferente, de um aconchego (que muitas vezes tem gosto de coisa doce) e que nos traz a lucidez do minuto…em que sentimos que não estamos sozinhos.

No mundo dos negócios, o relacionamento é construído com base em contatos que fazemos e que nos trazem percepções de como aquela empresa pensa e age. Muitas empresas hoje primam pela sua inovação, instalações maravilhosas, imagem da marca forte, mas na conduta do relacionamento com seu cliente/fornecedor esquecem de cuidar do atendimento personalizado, aquele onde ninguém é mais importante, a relação tem que ser boa para os dois lados. Basta ver as campanhas nas mídias como são bonitas, atraentes, nos encantam, mas quando a relação entra no mundo real, falta quase tudo que uma bela imagem e bons atores mostraram. Falta coerência, falta zelo.

Nem que seja só nesta data, que possamos refletir o quanto a pura magia da hospitalidade tem o poder transformar o mundo, com certeza também, o mundo dos negócios.

Vários estudos comprovam o poder da hospitalidade para nossa saúde, alegria e as chances de sermos mais bem sucedidos naquilo que fazemos. A prática da gentileza, base da hospitalidade, promove o aumento das endorfinas, aquele hormônio que nos dá a sensação do bem estar, de prazer. Pessoas mais gentis produzem mais este hormônio o que as torna mais felizes, mais produtivas e com chances de resultados melhores de sucesso em sua vida profissional.

Com já dizia o Profeta Gentileza: Gentileza gera gentileza e isto vale em qualquer lugar. Nas corporações as relações andam difíceis, muita cobrança, muita competição e principalmente a predominância do individualismo, onde cada um só pensa naquilo que é bom para si. Qualquer corporação é feita de pessoas e quando esta relação de hospitalidade entre elas não aparece, os resultados dos negócios tendem a serem prejudicados, com certeza. As empresas precisam cultivar a cultura da hospitalidade, da empatia, no trabalho solidário, calcadas principalmente no exemplo. Isto sim, serve de estímulo e admiração para qualquer um e não precisa de dinheiro, mas sim de bons exemplos para a construção de relacionamentos que são a marca do sucesso numa corporação.

Autora: Beatriz Cullen, Diretora do IBHE – Instituto Brasileiro de Hospitalidade Empresarial, Fev 2013