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A gentileza morreu

Às vezes, é essa a pergunta que eu me faço. E aí penso que não, que estou sendo pessimista. A gentileza não morreu. Ela apenas anda sumida. E a vida sem ela fica infinitamente pior, infinitamente sem-graça. O cartaz que ilustra o post estava na parede de uma escola que eu visitei há poucos dias em Estrasburgo, na França (depois conto sobre a visita), e lembra como é simples ser gentil, pronunciar palavras de pouquíssimas sílabas que fazem a diferença, como “por favor”, “bom dia” e “obrigada”.

Em tempos de pressa e de stress (e a pressa e o stress cada vez mais têm servido de desculpa pra comportamentos indesculpáveis), as palavras que humanizam a convivência vão ficando esquecidas, os gestos que tornam as relações pessoais mais agradáveis vão sendo abandonados. E com isso perdemos todos. Criamos ambientes pesados, nos irritamos e nos agredimos mutuamente, provocamos desgastes desnecessários. Gentileza gera gentileza, já dizia o profeta das ruas. A falta de gentileza também se reproduz. E como causa estragos…

Entrei nesse assunto – e vou voltar a ele semana que vem – porque é um dos temas do livro que estou começando a escrever. E gostaria muito de saber o que vocês pensam a esse respeito. Estamos muito mal educados? Perdemos de vez a delicadeza? Que comportamentos atestam nossa falta de gentileza? Ou, ao contrário, que comportamentos mostram que nos preocupamos com o outro, nos importamos com ele e o tratamos com o respeito que merece? Ser gentil é supérfluo no mundo do individualismo e da pressa? E, sem gentileza, pra onde vai esse mundo? Como fica a convivência em casa, nos espaços públicos, no ambiente de trabalho?

Se vocês tiverem histórias interessantes, por favor, me mandem. Exemplos de comportamentos gentis ou mal-educados. Iniciativas em favor da gentileza. Histórias de pessoas que fazem o ambiente “pesar” com sua indelicadeza e rispidez. Ou, ao contrário, pessoas que, mesmo no mundo acelerado e estressado de hoje, fazem questão de continuar sendo delicadas. 

Autora: Leila Ferreira é uma jornalista que adora colecionar histórias das loucuras e das manias femininas. É autora do livro Mulheres: Por que Será que Elas…?, da Ed. Globo, Fonte: Revista Marie Claire – Fev 2009