HospitalidadeVerso e Prosa

HOSPITALIDADE

No linguajar barbaresco
E xucro da minha gente
Teu sentido é diferente,
Substantivo bendito,
Pois desde o primeiro grito+
De “o de casa” dado aquí,
O Rio Grande fez de ti
o mais sacrossanto rito!
Não há rancho miserável
Da nossa terra querida,
Onde não sejas cumprida
No mais campeiro rigor,
Porque Deus Nosso Senhor
Quando te botou carona,
Já te largou redomona
Sem baldas de crença ou cor!
Dizem uns, que te trouxeram
De Espanha e de Portugal
E que neste chão bagual
Criaste novo sentido,
E o que além era vendido
Transformou-se aqui num culto
Onde o dinheiro é um insulto
Com violência repelido!
Tenho prá mim que és crioula
Do velho pago infinito
Onde até o índio proscrito
Egresso da sociedade
Na xucra fraternidade
Dos deserdados da sorte
Não respeita nem a Morte
mas cumpre a Hospitalidade!
Da chaleira casco preto,
E a graxa que dá espeto
Vai respingando na brasa,
É o truco, que a cada vasa,
Sempre está pintando “Flor”,
É rancho de corredor.

Jayme Caetano Braun